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O que é Epidemiologia

   A Epidemiologia é o estudo dos fatores que determinam a ocorrência e distribuição das doenças nas populações (Gordis, 2000). Com certeza já parou para pensar por que uma doença se desenvolve em algumas pessoas e não em outras. A premissa subjacente a epidemiologia é que doenças, problemas de saúde ou excelentes condições de bem-estar biopsicossocial não são distribuídos aleatoriamente nas populações. Cada um de nós temos certas características que nos predispõem ou nos protegem contra uma variedade de doenças diferentes, características que na maioria das vezes podem ter origem genética, ambiental, comportamental e social no desenvolvimento da doença.

Uma definição mais ampla de epidemiologia tem sido mais aceita. Ela define epidemiologia como “o estudo da distribuição e determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde em populações especificas e a aplicação desse estudo ao controle de problemas de saúde”.

Podemos dividir a Epidemiologia em Epidemiologia da doença infeciosa e Epidemiologia da doença crônica

 

Epidemiologia da doença infeciosa

A Epidemiologia da doença infeciosa está focada em como a doença é distribuída na população e os fatores que influenciam ou determinam essa distribuição. As doenças infecciosas apresentam algumas características:

·         •  Em geral, existe a presença de uma única causa conhecida identificável;

·          A doença infeciosa pode ser transmitida de uma pessoa para outra ou de uma espécie para outra;

·          Uma pessoa mesmo que não seja reconhecida como um caso, pode conter a doença e se tornar um fator de risco para outras pessoas;

·          Algumas pessoas podem se tornar imunes por terem tido a doença antes;

·          As vacinas podem prevenir o agravo, as vezes fatal e as consequências das muitas doenças infecciosas, como sarampo e varíola.

 

Epidemiologia da doença crônica

As causas das doenças crônicas costumam ser complexas e as vezes provocadas por muitos fatores de risco. As doenças crônicas apresentam algumas características:

·         A doença crônica não é contagiosa no estado natural;

·         Devido a sua natureza prolongada e recorrente, as intervenções para o seu controle devem ser realizadas de forma persistente e em longo prazo;

·         Em geral as doenças crônicas são incuráveis e potencialmente prejudiciais à expectativa e qualidade de vida do indivíduo.

 

Objetivos da Epidemiologia

 

Identificação da origem

Identificar a etiologia (a causa), de uma doença e seus fatores de risco relevantes (ou seja, fatores que aumentam o risco de uma pessoa adquirir e/ou desenvolver uma doença).

Conhecer como uma doença é transmitida de uma pessoa para outra, ou de um reservatório não humano para a população, e porque ela surge a partir de comportamentos de risco adotado pela população.

O objetivo final é intervir para reduzir a morbimortalidade da doença desenvolvendo uma base racional para programas de prevenção. Se identificado os fatores etiológicos ou causais da doença e eliminando a exposição a esses fatores é possível desenvolver tratamentos adequados que possam prevenir a transmissão da doença para outras pessoas.

 

Conhecer a extensão da doença na população

O segundo objetivo da epidemiologia é determinar a extensão da doença encontrada na comunidade e seu fardo para podermos tomar a melhor decisão acerca do planejamento nos serviços e instalações de saúde, além de estimar a quantidade de profissionais que necessitarão de capacitação.


Estudar a história natural e o prognóstico da doença.

Claramente, certas doenças são mais graves do que outras, algumas podem ser rapidamente letais, enquanto outras podem ter duração prolongada. Muitas doenças não são fatais, mas podem afetar a qualidade de vida ou incapacitar uma pessoa.

Deve-se definir a história natural de uma doença em termos quantitativos para que possamos comparar os dados gerados a partir da nossa intervenção e assim determinar se a nossas novas abordagens foram realmente eficazes.


Avaliar medidas preventivas e terapêuticas

A epidemiologia também é utilizada para avaliar medidas preventivas e terapêuticas existentes além de modelos de prestação de cuidado em saúde. Ex: O crescimento de novos prestadores de cuidado de saúde e seguro teve impacto nos resultados de saúde dos pacientes envolvidos e em sua qualidade de vida? Se sim, qual o impacto e como pode ser medido?

A epidemiologia pode ser a base para o desenvolvimento de políticas públicas nos quais podem envolver problemas ambientais, genéticas, sociais e comportamentais relacionadas a prevenção de doença e promoção da saúde.

 

Conceitos básicos da epidemiologia

 

Morbidade

Morbidade pode ser definida como “qualquer afastamento subjetivo ou objetivo de um bem-estar fisiológico ou psicológico” (JM, 2000). Os sinônimos de morbidade incluem enfermidade, doença e condição mórbida. Há dois tipos de medidas básicas da frequência da ocorrência de doença na população – incidência e prevalência.

 

Incidência

Incidência em epidemiologia pode ser definida como o número de novos casos de uma determinada doença ou de pessoas que adoecem durante um determinado período em uma população específica. Para doenças comuns a incidência pode ser expressa em percentual ou número de novos casos para mil habitantes. Em condições raras em geral é expressa para 100 mil habitantes.

Há dois tipos de medidas de incidência: incidência cumulativa, quando as pessoas observadas são acompanhadas por todo o período de estudo; e a taxa de incidência, quando ninguém é observado por todo o período, o denominador é referido como pessoa-tempo.

 

Prevalência

A prevalência da doença é definida como o número de casos existentes (novos e antigos) na população como um todo (doentes, saudáveis, de risco e não de risco). Ela mede a proporção da população que apresenta determinada doença no momento da avaliação, sejam casos antigos ou novos.

São dois os tipos de medidas de prevalência: prevalência de ponto, quando se quer identificar o número de pessoas que apresentam a doença em um instante específico (como um dia da internação hospitalar); e prevalência de período, na qual refere-se ao número de pessoas de uma população que manifestaram a doença em um período que pode ser semanas, meses, anos, ou qualquer outra unidade de tempo.

 

Mortalidade

Mortalidade refere-se à ocorrência de óbito na população servindo como um índice de severidade da doença podendo ser utilizada para avaliar a efetividade dos serviços de saúde na prevenção do óbito prematuro. Entretanto esse número de forma absoluta raramente informa o suficiente para realizar comparações entre populações ou examinar alterações ao longo do tempo pois seu resultado é influenciado pelo tamanho da população e sua composição etária.

Existem algumas medidas de mortalidade para descrever o risco de morte da população como a taxa bruta de mortalidade, taxa de mortalidade especifica por idade, taxa de mortalidade ajustada por idade e taxa de mortalidade especifica por causa.

Não podemos esquecer da mortalidade proporcional que é a proporção de óbitos atribuíveis a uma doença específica; nem da taxa de letalidade que mede a propensão de uma doença causar o óbito de pessoas afetadas.

 

OBS: Essas medidas ficam para um próximo artigo que será sobre razões, proporções e taxas.


REFERÊNCIAS

Gordis L. Introduction. Epidemiology, 6th ed. Philadelphia, PA: Elsevier, 2019. Disponível em: < https://pdfroom.com/books/gordis-epidemiology/bG5wQBWmgq4> Acesso em: 10 mai 2022.

Last JM. Dictionary of Epidemiology, 4th ed. New York:Oxford University Press, 2000. Disponível em: <https://pestcontrol.ru/assets/files/biblioteka/file/19-john_m_last-a_dictionary_of_epidemiology_4th_edition-oxford_university_press_usa_2000.pdf> Acesso em: 10 mai 2022.

Yi Yang et al. Understanding pharmacoepidemiology, 1th ed. New York, The McGraw-Hill, 2011. (Compreendendo a farmacoepidemiologia); tradução: Celeste Inthy. Porto Alegre, AMGH, 2013.

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